Triatleta transplantada, Patrícia Fonseca, participará do
2019 Summer World Transplant Games (Olimpíada dos Transplantados), que
acontecerá entre 17 e 24 de agosto, em Newcastle, no Reino Unido. É a segunda
vez que a atleta participa desse tipo de competição. A primeira Olimpíada foi
em 2017, na cidade de Málaga, na Espanha. Patrícia foi a primeira transplantada
de coração a terminar a sequência do triatlon na história da Olímpiada e,
também, a primeira brasileira transplantada a participar do evento.
"Pretendo mostrar que um transplantado pode competir em
alto nível e celebrar essa segunda chance de vida que pulsa dentro de mim.
Temos treinado bastante já com a experiência de duas competições em que fomos
campeões (Campeã Americana de Triatlon e Campeã Latino Americana de Natação).
Confesso que a minha maior medalha está sempre na largada e não na chegada.
Poder participar com saúde, correr, nadar, pedalar e ver meu corpo em
movimento, esse é o meu grande troféu. A cada prova eu tenho a certeza que não existem
limites para a realização dos nossos sonhos", celebra Patrícia.
Em agosto do ano passado, Patrícia participou dos Jogos
Panamericanos para Transplantados Transplant Games of America, em Salt Lake
City nos Estados Unidos e também da 9ª edição dos Jogos Latinoamericanos para
Transplantados, que aconteceu na cidade de Salta, na Argentina no final de
2018. As competições renderam 7 medalhas para Patrícia, sendo 4 em Salt Lake
City (dois ouros: triatlon e corrida e duas pratas: ciclismo e natação) e 3 em
Salta (um ouro: natação e duas pratas: triatlon e revezamento/natação).
Preparação
Patrícia vem treinando diariamente, focando as provas de
alto nível que irá participar, que são corrida de rua, natação e ciclismo. Para
isso, conta com a supervisão dos fisioterapeutas do HCor, Lucas Thiago Sampaio
Pereira e Reginaldo Ceolin, que estarão com ela nesta Olimpíada de Newcastle.
"A preparação contempla a parte respiratória, com
treinamento do diafragma para ganhar mais resistência nas provas e também a
parte muscular, principalmente para fortalecer a musculatura nas pernas o que
irá proteger os joelhos e também o quadril, pois ela participará de provas de
impacto. Além disso, é importante ressaltar o treinamento das musculaturas dos
braços, abdómen e costas, para ter melhor estabilidade e rendimento durante as
provas", explica Lucas Sampaio.
Com a supervisão de médicos e fisioterapeutas, Patrícia
intensificou os exercícios. "A recuperação foi tão surpreendente que
Patrícia virou uma triatleta. Além de correr, ela nada e pedala com
intensidade", orgulha-se o cardiologista Carlos Hossri, coordenador do
Serviço de Reabilitação Cardiopulmonar do HCor.
Mesmo dedicada aos treinamentos, Patrícia já planeja
participar de outras competições em 2020. "No ano que vem temos planos
para fazer um revezamento no Iron 70.3. Eu poderei fazer a parte da natação de
2800 metros no mar", diz Patrícia.
Superação
Desde o nascimento Patrícia não conseguia realizar tarefas
triviais do dia a dia. Ela não conseguia brincar como as outras crianças, não
participava das aulas de educação física e nunca pode praticar esportes. Em
muitos momentos precisava de cadeira de rodas porque não tinha forças para
andar, além de perder eventos de família e festas com amigos devido ao cansaço.
Aos 20 anos o coração dava sinais de que precisaria de um transplante. Em março
de 2015, ela entrou na fila do sistema nacional de transplantes e no dia de seu
aniversário, 29 de julho, do mesmo ano, Patrícia recebeu um novo coração no
HCor. "Quando eu passei pela porta do centro cirúrgico, eu falei: vocês
nunca viram alguém mais feliz passar por essa porta", lembra Patrícia.
Importância da reabilitação cardiopulmonar
Patrícia começou a frequentar a Reabilitação Cardiopulmonar
do HCor antes mesmo do transplante. Por isso, três dias depois do procedimento
já conseguiu ficar em pé. Oito dias depois, começou a caminhar. "O ritmo
de recuperação superou nossas expectativas. Ela começou com caminhadas curtas e
leves na esteira. Em um ano, já estava correndo", conta Dr. Hossri.
A reabilitação cardíaca é importante na medida que propõe
exercícios adequados a capacidade de cada paciente. "Ela leva em
consideração as limitações e instiga como superá-las. Além da interação com os
outros profissionais, que gera uma abordagem segura e individualizada",
explica Reginaldo Ceolin, fisioterapeuta do HCor. "Quando pensamos em um
paciente pré transplante ou pós transplantado a reabilitação cardíaca pode
favorecer a otimização da vascularização, ganho de força e melhora da capacidade
aeróbica, ou seja, oferecemos condições ao paciente para manter um determinado
nível de atividade por mais tempo e com mais qualidade", esclarece Ceolin.
Calendário de provas (Patrícia): World Transplant Games
18 – Corrida 5k (Triatlon).
19 – Ciclismo 10k contrarrelógio (Triatlon) e prova de
ciclismo equipe de 20k.
20 – Revezamento freestyle na natação 4 x 50m.
21 – Prova de 400m na natação (Triatlon) e revezamento
medley 4 x 50m na natação.
22 – Prova de revezamento 4 x 100m, no atletismo.
Foto: Hcor Dovulgação
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